Carreira de Futebol
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Tem medo de levar cartão do juiz? Crie o seu.

Tem medo de levar cartão do juiz? Crie o seu.
Nadiva Olivier
mai. 29 - 4 min de leitura
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Você sabe que, ao mostrar o cartão amarelo para o jogador, o juiz diz que ele está sendo advertido pois fez algo contra as regras do jogo. O vermelho, lógico, significa que ele foi expulso pois desrespeitou o juiz ou fez falta muito dura. Quem criou o cartão no futebol foi um juiz inglês, Ken Aston, há mais de 100 anos. Ele teve a inspiração de criar os cartões quando, em uma viagem, observou com novo olhar as cores do semáforo mudarem. Com isso resolveu um problema sério, ainda mais em partidas internacionais, onde cada um fala uma língua diferente. Esta memória me traz uma estória de um jovem, Pedro, que conto aqui.

Havia um garoto de 12 anos, meia direita em um time de aprendizes da prefeitura, chamado Pedro. Ele ficava chateado pelo treinador dar sempre seus exemplos quando queria falar de coisas que tinham que mudar com os meninos. Coisas do tipo usar o uniforme do time da  prefeitura e mostrar que respeitavam as pessoas e jogadores adversários, pois eram os aprendizes da prefeitura. Ou silenciar quando o treinador fosse falar em vez de ficar em papo paralelo com um amigo. Fora criado pela avó que sempre lhe dizia para melhorar sua forma de ser porque, muito agitado, acabava fazendo coisas na escola que o prejudicavam e davam até suspensão.

Um dia Pedro teve um pesadelo em que era expulso do time da prefeitura por não obedecer as regras. O treinador aparecia enorme em seu sonho e gritava com ele, que parecia um anão. Acordou assustado e ficou pensando no sonho. Ele tinha que mudar, sentia que o sonho era seu cartão amarelo. Decidiu que ia ser seu próprio juiz. Sabia bem onde deveria melhorar. A cada dia treino, escreveria o ponto a mudar, e colocaria o papel escrito, em um pequeno plástico, para toda hora tirar e ler. Se fosse um aspecto sério, escrevia em papel vermelho, e se fosse mais leve, em papel amarelo.

Naquela manhã, o ponto era ajudar a recolher os cones, após o treino ou partida. Ele sempre escapava disso, conversando com um amigo, ou saindo rápido para o banho, que tomava sossegado enquanto os companheiros ficavam guardando os cones. No cartão amarelo colocou: Ajudar a recolher os cones. No caminho para o treino, leu o cartão duas vezes. De novo, antes de começar o treino, leu também e, minutos antes do treino terminar,  leu e logo já empilhou dois cones para guardar. Ficou feliz com isso e manteve por mais dois treinos. O treinador um dia passou ao lado dele que segurava os cones, e passou a mão em sua cabeça como que aprovando, sem dizer nada.

Depois do cone, ele fez um papel amarelo: Não dizer palavrões hoje. Foi duro pois ele era muito reativo. Terminou o primeiro treino, tendo falado apenas dois palavrões. Levou este cartão para mais quatro jogos pois foi um hábito difícil de vencer. Quando terminou o quinto treino, o treinador passou por ele, que levava os dois primeiros cones para guardar, e disse: “Está calmo hoje, Pedro, legal ver você jogando com atenção total”. Pedro pensou que ele não se referiu aos palavrões, mas, sim, a uma nova atitude que começou a ficar clara e que, ao mesmo, o ajudava realmente a ter mais atenção no jogo e não no que os companheiros faziam.

Pedro levou sua carreira até o fim com os seus cartões. Melhorou com isso a forma como treinava, a disciplina com sua alimentação, o cuidado com seu sono, aprimorou exercícios que detestava fazer, aprendendo a gostar deles. Melhorou em tudo que ele sabia que faria dele um grande jogador, com o único recurso de ser seu próprio juiz, usando seu cartão.


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